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24b10610a6e77090b108cdaeb385748d
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Experiência
Nossa experiência de discernimento apostólico
comunitário com ESDAC1
Emmanuel da Silva e Araujo, SJ
Kricia Frogeri Fernandes
A autora é leiga, psicóloga
e coordenadora da Regional
Sul da CVX do Brasil. O autor
é padre Jesuíta, Assistente
Eclesiástico Nacional da CVX
do Brasil e editor da Revista.
A foto foi tirada na Assembleia
Mundial da CVX, em Buenos
Aires, na qual ambos foram
delegados do Brasil.
1. Para melhor compreensão
desta nossa partilha, ler o artigo
Exercícios Espirituais adaptados
ao discernimento em comum, de
Franck Janin e José de Pablo, às
páginas 59-68 desta edição, que
explica o que é ESDAC (Exercices
for Spiritual Discernment on Apostolate in Common).
2. Cf. Proyectos 168. As edições de
Proyectos (Projetos) estão disponíveis no site da CVX mundial (www.
cvx-clc.net), na seção de Recursos,
nas três línguas oficiais da CVX:
inglês, espanhol e francês.
3. A CVX tem Assembleias Mundiais a cada cinco anos. Cf. Finatti, Rafael. CVX: uma comunidade
mundial em contínuo discernimento. A história da Comunidade
de Vida Cristã, contada a partir
de suas Assembleias Mundiais.
Itaici – Revista de Espiritualidade
Inaciana 111 (2018) 5-20.
E
m 2018, a Comunidade de Vida Cristã — CVX — celebrou
50 anos, jubileu que tem como marco a confirmação de seus
Princípios Gerais pelo Papa Paulo VI, em 25 de março de 1968, para
um período de experiência de 3 anos. Entre os dias 21 e 31 de julho,
celebramos em San Miguel — Buenos Aires — a XVII Assembleia
Mundial da CVX. Nesta Assembleia, vivenciamos uma bela e profunda experiência de discernimento comunitário apostólico, assessorada por uma equipe de ESDAC. É um pouco desta experiência
que partilhamos aqui: nossa experiência de discernimento apostólico
comunitário com ESDAC.
O itinerário de preparação que vivemos, rumo à Assembleia
Mundial, foi iluminado por três marcos referenciais: o tema “CVX,
um presente para a Igreja e para o mundo”; o texto da Escritura
“Quantos pães tendes? … Ide ver” (Mc 6,38); e a graça pedida:
“Desejamos maior profundidade e integração na vivência de nosso
carisma CVX no mundo de hoje”. Além de nosso 50o aniversário,
duas outras realidades contextualizavam a Assembleia: um Papado
que renova a Igreja e o chamado renovado aos leigos em nosso
mundo de hoje2.
Chegamos com muita alegria à Assembleia, inflamados de desejo
de responder a esta interpelação do Senhor à Comunidade Mundial,
mas também com uma pergunta a nos mover os corações: como
vamos fazê-lo? Nas Assembleias anteriores, o Senhor foi apontando
caminhos muito concretos, que, aos poucos, deram forma e rosto ao
nosso Carisma, à nossa identidade e vivência espiritual e missionária
um só Corpo comunitário mundial em discernimento3. E agora, o
que ele nos pedirá? Que caminhos nos indicará?
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
71
�Logo de início, ao encontrarmos os delegados e delegadas que
aos poucos iam chegando a San Miguel, foi incrível reconhecer,
de maneira bem concreta, a CVX como uma única comunidade
mundial, com diversos rostos, línguas, modos de vestir e modos de
ser, mas caminhando no mesmo desejo e missão. O sentimento de
envio também se fez presente durante todo o tempo, afinal, “não
estávamos ali por nossas capacidades, mas porque éramos enviados
por nossa comunidade”4.
O processo que viveríamos naqueles dias foi ambientado pelo
próprio local da Assembleia: Colégio Máximo da Companhia
de Jesus, em San Miguel — Buenos Aires. Aí o P. Jorge Mario
Bergoglio, SJ, passou a maior parte de sua vida na Companhia de
Jesus. Junto ao Colégio está a Paróquia San Jose Patriarca, fundada
pelo P. Bergoglio, que foi seu primeiro Pároco. Auxiliados pelo
Dr. Austen Ivereigh5, entramos em profundidade no modo evangelizador do Papa Francisco para, mais tarde, com a ajuda do P. Rafa
Velasco, SJ6 e do povo da Paróquia, fazermos uma experiência de
imersão na prática pastoral cheia de vida e alegria que se vive aí.
Tivemos assim uma experiência da visão pastoral do Papa, que marca
profundamente aquele povo e sentimos o senhor nos chamar a um
renovado espírito de missão. Como viveremos a CVX desta maneira?
Que caminhos o Senhor vai nos mostrar?
Outra experiência de ambientação que lançou a Assembleia
ao que estava por vir foi a apresentação de Madalena Palencia, do
México, uma cevequiana que está na CVX desde os seus primórdios.
Na apresentação inicial da Assembleia, nos pusemos todos de pé
e pediram que quem tinha até 5 anos na CVX se sentasse; de 5 a
10 anos; … até que chegou nos 50 anos… E todos víamos Madalena
em pé no meio da Assembleia. Ela nos fez participar de uma viagem
histórica, destacando os grandes momentos em uma linha de tempo, que depois acompanhou todas as nossas orações e trabalhos. E
ela disse uma frase que impactou a muitos: “O nome CVX é uma
consigna, um desafio e uma missão”. Como viveremos a CVX desta
maneira? Que caminhos o Senhor vai nos mostrar?
O P. Arturo Sosa, SJ também interpelou a Comunidade com
sua intervenção7. Primeiro nos mostrou que celebrar os primeiros
50 anos da CVX é um desafio olhar para os benefícios recebidos de
Deus, para o bem feito pela CVX no mundo, e dar graças a Deus.
Ao mesmo tempo, é sentir o Espírito nos chamando a olhar para
a frente para consolidar e aprofundar toda esta experiência de vida
72
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
4. Pronunciamento do então Presidente Mundial da CVX, Mauricio
López Oropeza, durante o primeiro
dia da Assembleia Mundial. Seu
mandato encerrou-se com a eleição
da nova Equipe Executiva Mundial,
nesta Assembleia.
5. Jornalista britânico e biógrafo
do Papa Francisco, falou-nos sobre o tema A opção de Francisco:
evangelizar um mundo revolto.
Cf. IVEREIGH, Austen. The Great
Reformer. Francis and the making
of a radical Pope. New York: Henry
Holt and Company, 2014.
6. P. Luis Rafael Velasco, SJ era o
Pároco da Paróquia do Patriarca
São José. Enquanto esta edição
era preparada, foi nomeado Provincial da Província Jesuíta de
Argentina-Uruguay.
7. Assistente Eclesiástico Mundial da CVX e Superior Geral da
Companhia de Jesus, em seu pronunciamento à Assembleia: Una
Comunidad Laical de discernimiento al servicio de la reconciliación.
�8. Eram 63 países membros e 8
países observadores. Destes 204
delegados, 51 eram Jesuítas.
9. Françoise Uylenbroeck (Bélgica),
Graziano Calci (Itália) e José de
Pablo, SJ (Espanha).
e responder aos novos desafios que nossos tempos nos apresentam.
Para isso, somos chamados a ser cada vez mais uma comunidade de
discernimento, companheiros e companheiras em uma missão de
reconciliação e justiça. Como viveremos a CVX desta maneira? Que
caminhos o Senhor vai nos mostrar?
Deste modo, nossos corações foram introduzidos no discernimento sobre como viver nossa identidade CVX, agora cinquentenários que somos, neste mundo revolto. Quando o Conselho Executivo
apresentou o programa da Assembleia, colocando que vivenciaríamos
um processo de discernimento comunitário, imediatamente nossos
corações se alegraram! Que experiência marcante: um discernimento
com mais de 200 pessoas! Mas não disseram quem assessoria o processo, nem como isso se realizaria. Apenas anunciaram que no meio
de nós estavam aqueles que nos ajudariam. A equipe de ESDAC
estava desde o início em nosso meio e acompanhou o tempo de preparação: os subsídios de ajuda ao discernimento e as suas colocações
na orientação do processo deixaram isso bem claro.
Assim, neste tempo de graça, vivemos esta experiência ímpar
de sermos assessorados por uma equipe de ESDAC em 5 dias de
discernimento apostólico comunitário, em que, recolhendo os frutos
do itinerário de 50 anos de vida da CVX, discernimos os caminhos
que o Espírito nos aponta para os próximos anos de caminhada. Um
aspecto deste processo é surpreendente e, ao mesmo tempo, atesta
que, quando no discernimento em comum há uma metodologia bem
aplicada e as pessoas se deixam conduzir pelo Espírito, o Espírito
realmente age: nós éramos 204 delegados, de 71 países8; os idiomas
oficiais da Assembleia eram três (espanhol, francês e inglês); e a
equipe de ESDAC era composta de três membros (um espanhol, um
italiano e uma belga9). Era a primeira vez que os três trabalhavam
juntos e era a primeira vez que orientavam o discernimento de um
grupo tão grande e diverso, em curto espaço de tempo. Se os 30
pequenos grupos que foram compostos eram por afinidade linguística, no plenário tínhamos que nos entender. Mesmo com tradução
simultânea, seguir uma metodologia que trata de discernir moções
comuns foi um grande desafio. Neste contexto, ESDAC mostrou ser
um método muito fecundo, que ajuda o grupo a realmente se abrir
ao Espírito, a vencer as resistências e a buscar e encontrar a vontade
de Deus para a comunidade que discerne.
O processo de discernimento iniciou-se no terceiro dia da
Assembleia, quando os membros, através das experiências dos
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
73
�primeiros dias, já tinham um tempo de convívio e de partilha de vida
e experiências. A equipe de ESDAC encaminhava textos para oração
individual, com alguns pontos para reflexão. Depois partilhávamos
nos pequenos grupos e, na sequência, havia uma partilha no plenário, com todos os delegados e delegadas. Este processo foi repetido
diversas vezes e, a cada passo, nos dava mais elementos para a oração
e, assim, discerníamos os caminhos pelos quais o Espírito amorosamente nos guiava: “Senti uma confiança muito grande no Espírito e
me entreguei à experiência, afinal, uma das frases que mais ouvimos
na Assembleia foi a de que “o caminho é a experiência”10 (Krícia).
Nos pequenos grupos, a cada rodada de oração e partilha, crescia a confiança e a unidade entre os membros e iam se constituindo
pequenas comunidades de vida, que se sentiam como membros do
Corpo: a Assembleia, que representa a Comunidade Mundial. Nestas
pequenas comunidades, marcadas pelo estilo de vida CVX, cerca de
sete pessoas de países diferentes partilhavam suas vivências, frutos
da oração pessoal de cada membro. Eram verdadeiras “conversações espirituais”, uma conversa profunda, alternando momentos de
silêncio, em que se prestava atenção aos movimentos do Espírito,
nas moções compartilhadas por cada pessoa. Ouvindo a partilha do
outro, aprofundávamos o sentimento de sermos parceiros e parceiras
de caminhada, irmãos e irmãs de fé. Na realidade de cada comunidade
nacional, que vinha à tona nas partilhas, experimentávamos como a
espiritualidade inaciana e o carisma CVX nos imprime uma marca
comum que nos une como Corpo Mundial.
Inicialmente houve dificuldades com a metodologia proposta:
no controle do tempo, nas interrupções da partilha do outro, no conteúdo a ser compartilhado, nos momentos de síntese… Percebíamos
que estar atentos às próprias moções e na escuta do que acontecia no
grupo não era uma tarefa fácil: exigia disciplina no seguimento da
metodologia e prática e disposição para sair de si, acolher os outros
e deixar que suas partilhas das moções ressoassem internamente no
próprio coração. Para marcar esta atitude imperativa para o discernimento, ESDAC costuma utilizar o simbolismo da pena de águia11.
Em San Miguel, este símbolo foi substituído pela cuia de mate que,
na região, marca a cultura do encontro, do diálogo e da partilha.
Os pequenos grupos acolheram totalmente o significado deste
símbolo: cada pessoa que partilhava, segurava a cuia nas mãos, e isso
significava que a palavra era dela e que este espaço era sagrado; a
cada um dos outros, correspondia a escuta atenta, buscando perceber
74
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
10. P. Rafa Velasco, falando sobre o
caminho que percorreríamos na experiência de imersão na Paróquia.
11. ESDAC tomou este símbolo da
cultura dos primeiros moradores do
Canadá: sentados em círculo, passavam entre si uma pena de águia,
ressaltando que a pessoa que a
tinha nas mãos, tinha a palavra e
que os demais deveriam escutar.
Esta pena permaneceu na tradição
de ESDAC e hoje é o símbolo e a
logomarca da equipe. Cf. Janin – de
Pablo, art cit p. 61.
�12. Cf. Exercícios Espirituais 106.
as moções que tal partilha despertava em si. Deste modo, do momento inicial de dificuldade, passamos a momentos consoladores,
de profunda união e sintonia, aguçando nossos sentidos, abrindo os
corações e saboreando a presença do Espírito entre nós.
Havia também um guardião do tempo, cuja função era garantir
que todos os membros pudessem ter igual espaço de partilha. Isso
nos disciplinava na escuta, de tal maneira que todos começamos a
experimentar a riqueza da partilha do outro. E, após algumas experiências de grupo, o guardião “ficou desempregado”: aprendemos a
escutar o outro e nos ater às moções em nossas partilhas, fazendo-as
de maneira profunda e objetiva, para também poder escutar a riqueza
da partilha do outro; já não era tão necessário controlar o tempo!
Após a primeira rodada de partilha, fazíamos um tempo de silêncio para cada um refletir sobre si mesmo para tirar algum proveito12:
“O que me tocou?”; “O que descobri de novo?”; “Necessito fazer uma
pergunta para alguém, buscando esclarecer algum ponto?”… E então
abria-se um espaço de tempo para uma livre interação entre nós,
partilhando um sentimento novo ou fazendo perguntas. Ao final,
procurávamos nomear as moções principais da pequena comunidade,
sintetizando-as para compartilhar na plenária. A síntese não se
tratava necessariamente do que mais aparecia no grupo, quantitativamente, mas sim de como o grupo poderia expressar aquele momento
único a partir das moções.
Também na plenária, passamos por momentos de tensão: às
vezes era difícil entender o que o outro dizia, o que era proposto,
às vezes as partilhas eram opostas… P. Arturo Sosa, SJ já tinha nos
alertado de que as tensões fazem parte do crescimento, mas é preciso
cuidar para que não se transformem em conflito. Tudo era acolhido
de maneira amorosa e respeitosa, o que era somado aos períodos
alegres de convivência. Aos poucos o clima de confiança e entrega
foi crescendo e os frutos foram aparecendo.
“Este processo também aconteceu comigo: em um momento me
percebi com a expectativa de construção de caminhos muito objetivos, como se fôssemos encontrar uma resposta única. Aos poucos fui
percebendo que o Espírito não nos falava dessa forma, mas sim por
meio de tanta diversidade!” (Krícia). Houve um delegado que nos
contava que foi reclamar com a equipe de coordenação porque estávamos perdendo tempo; ficávamos rezando e partilhando sentimentos,
sem chegar a nada de concreto: “foi para isso que viemos a Buenos
Aires?”. Mas depois foi perceber que os caminhos do Espírito não
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
75
�são como nossos apressados caminhos cotidianos; e se surpreendeu
de ver como o Senhor foi traçando seus caminhos e produzindo seus
frutos: “o caminho é a experiência”.
Outro fato importante é que, no desenrolar do processo, vieram
à tona a beleza da história e da vida de cada um e a riqueza que o
Espírito comunicava a cada um e através dos outros, o que formava a
unidade entre tão diversas pessoas. Mas, ao mesmo tempo, a partilha
também desvelava nossos pecados e egoísmos – pessoais comunitários e eclesiais – e nos fazia ver como isso trava e bloqueia nossa
vida fraterna e missionária. O dia da celebração da reconciliação
foi também a celebração da liberdade e da fraternidade. Sentimos
como a Assembleia se tornou mais consolada e mais aberta à busca
da vontade de Deus: “Para mim, estar sentado na capela para atender aos irmãos e irmãs que buscavam a celebração sacramental da
reconciliação foi um momento de graça. Eu via padres de tantas
partes do mundo aguardando as pessoas em oração, o perdão sendo
dado em tantas línguas, e podia experimentar o Espírito consolando
a Assembleia e formando esta unidade de um Corpo Comunitário
em missão no mundo todo” (Emmanuel).
Com paciência e atenção, a equipe de ESDAC nos explicava
que o objetivo do discernimento comunitário não era o de nomear
problemas, buscar soluções, em uma dinâmica de cúmplices versus
oponentes ou em uma preocupação com a autoimagem ou com a
eficácia dos resultados. E foi reforçando o sentido de rezar os problemas, escutar os sentimentos e as moções, em uma dinâmica de
fraternidade e corpo apostólico, com paz, reconhecimento e gratidão
por quem somos. Foi realmente incrível perceber como o Espírito
nos falava: pessoas tão diferentes, grupos de partilha tão diversos, e
tantas semelhanças no que era compartilhado! Começavam a aparecer algumas linhas condutoras do chamado para a CVX: linhas de
discernimento e ação, para serem aprofundadas na realidade local de
cada país. A presença do Espírito se fazia tão concreta que Deus era
quase visível aos nossos olhos. “Eu perguntava, cheia de consolação: e
quem disse que não vemos Deus?” (Krícia). Ele estava concretamente
presente ali entre nós, nos guiando, cuidando de cada um e de todos.
Sua presença foi saboreada e cada um se entregava à experiência…
A equipe de ESDAC foi fundamental e muito competente em
organizar o que estava surgindo, as partilhas, as sínteses, as moções…
Entre os meios e espaços simbólicos criados por ESDAC, está a disposição do grupo que discerne em círculos. Imaginem o que é dispor
76
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
�13. A tenda era um grande toldo
montado para ser o espaço de encontro e trabalho do grande grupo.
14. Cf. o Documento Final da XVII
Assembleia em <http://www.cvxclc.net/l-sp/resources.php>.
um grupo de mais de 204 pessoas em círculo, dentro de uma tenda13
preparada para uma disposição à maneira de “sala de aula”. Pois isso
foi feito! No início da Assembleia, estávamos dispostos como uma
sala de aulas, em carteiras. A equipe de ESDAC, quando assumiu a
orientação do discernimento, pediu para retirar as carteiras e fazer
três grandes círculos na tenda. De início, pareceu-nos incômodo,
pois não tínhamos apoio para tomar notas. Mas com o avançar da
dinâmica, sentíamos como estar em círculo, podendo ver as pessoas
quando se expressavam, nos levava a viver a experiência real de sermos
um Corpo Comunitário. Simples mudança de configuração, muito
simbólica, que fez aquilo que faz um símbolo: unir as partes de um
mesmo todo. Esta disposição dos delegados em círculo nos dizia
que ali cada um era muito importante nesse processo, criando um
grande espaço de escuta amorosa.
As partilhas na plenária eram organizadas de maneira visual,
com cartazes, palavras, gestos, símbolos, no meio dos quais os delegados caminhavam em silêncio, detendo-se nos que mais chamavam
a atenção, guardando nos corações e discernindo à luz do Espírito.
Depois havia um espaço para a partilha verbal destas moções. O
que muito tocava a todos era ver como, pouco a pouco, as moções
iam se convergindo a pontos comuns. Quanto mais essa dinâmica
evoluía, mais experimentávamos, tanto nos pequenos grupos como
na Assembleia, o aumento da abertura, da fraternidade, do sentido
de Corpo e da consolação espiritual. Assim, dia após dia, os caminhos se consolidavam, a ponto que houve uma aclamação geral
após a leitura da primeira versão do documento final. Mesmo com
pequenos ajustes, a Assembleia sentiu-se representada, reafirmando
nosso chamado a aprofundar, compartilhar e sair14.
“Hoje, olhando mais à distância, fico me perguntando: como
estas três pessoas conseguiram orientar um processo tão frutuoso
de oração e discernimento, em tão pouco tempo e com um grupo
tão grande e heterogêneo? E aí me vem à memória uma imagem:
eu estava hospedado no terceiro piso do Colégio Máximo, onde há
uma pequena capela, muito aconchegante. Todas as noites eu passava
por lá antes de ir dormir e encontrava um dos membros de ESDAC
rezando; e quando eu saía, ele continuava lá… A equipe rezava junto
com o grupo e, na sua escuta e nas suas moções, era capaz de captar
as moções da comunidade orante” (Emmanuel).
Participamos de uma experiência muito rica de discernimento
comunitário, aprendendo a confiar uns nos outros e na presença do
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
77
�Espírito. Também vivenciamos o nosso modo de proceder15, reforçando o sentimento de quão rica é a nossa CVX, realmente um presente
para a Igreja e para o mundo! E também pudemos experimentar como
é rica e agraciada esta inspiração de Deus para conduzir um discernimento apostólico comunitário através da adaptação dos Exercícios
Espirituais, aplicada por ESDAC. Para as comunidades que buscam
encontrar a vontade de Deus na disposição de sua dinâmica de vida
fica a dica: aprender com ESDAC!
78
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
15. Para conhecer este modo
de proceder, cf. Hermínio Rico.
A dinâmica CVX de DiscernirEnviar-Apoiar-Avaliar como uma
experiência de continuado discernimento Apostólico Comunitário.
Itaici – Revista de Espiritualidade
Inaciana 111 (2018) 21-39.
�
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Title
A name given to the resource
<span style="color:#aeb6bf;">[E]</span> <strong>Dimensão espiritual</strong> | <strong>Dimensión espiritual</strong>
Description
An account of the resource
<ul><li>Itens referentes a espiritualidade em geral</li>
<li>Materiais de estudo sobre a espiritualidade inaciana, incluindo os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.</li>
</ul>
Subject
The topic of the resource
Dimensão espiritual | Dimensión espiritual
Espiritualidade inaciana | Espiritualidad Ignaciana
Language
A language of the resource
pt
es
Rights
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Title
A name given to the resource
Nossa experiência de discernimento apostólico comunitário com ESDAC
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Araujo, Emmanuel da Silva e Araujo, SJ;
Fernandes, Kricia Frogeri
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
Setembro 2018
Description
An account of the resource
Kricia Fernandes e Padre Emmanuel Araujo, SJ compartilham a experiência de discernimento apostólico comunitário em ESDAC (Exercices for Spiritual Discernment on Apostolate in Common).
Experiência se deu durante a XVIII Assembleia Mundial da CVX, Buenos Aires, 2018.
Language
A language of the resource
pt-PT
Publisher
An entity responsible for making the resource available
Revista Itaici
Format
The file format, physical medium, or dimensions of the resource
PDF
Type
The nature or genre of the resource
Experiência
Source
A related resource from which the described resource is derived
ItaIcI – revIsta de espIrItualIdade InacIana, n. 113 (setembro/2018), páginas 71 a 78
Assembleia Mundial | Asamblea Mundial
Buenos Aires, Argentina
Discernimento apostólico | Discernimiento apostólico
Discernimento comunitário | discernimiento comunitario
ESDAC
-
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4296c342252cea724c190c983704a9ee
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a rt i g o
Exercícios Espirituais adaptados
ao discernimento em comum1
Franck Janin, SJ
José de Pablo, SJ
Franck Janin é padre Jesuíta, Presidente da Conferência Europeia de Provinciais
Jesuítas (JCEP), Bruxelas, e
membro da equipe de ESDAC.
José de Pablo é padre Jesuíta,
Sócio do Presidente da JCEP,
Bruxelas, e membro da equipe
de ESDAC.
1. Este artigo foi publicado originalmente em Manresa 90 (2018)
63-72. Nós o publicamos com
autorização de José de Pablo.
T
oda adaptação dos Exercícios Espirituais à prática do discernimento em comum tem em suas raízes dois pressupostos básicos.
Primeiro, da mesma maneira que Deus guia a uma pessoa, pode guiar
a um grupo de pessoas; e o segundo, o Espírito Santo se dá a todos e
atua nos corações de todos. A proposta metodológica desenvolvida
pelo ESDAC (Exercices Spirituels pour un Discernement Apostolique
en Commun) coincide nestes pressupostos para grupos que, especificamente, têm em comum um projeto, um propósito, um objetivo
para os que buscam encontrar a vontade de Deus. Depois de um
processo de amadurecimento de quase cinquenta anos de experiência,
a proposta de ESDAC se entende a si mesma como uma mais entre
outras possíveis. Veremos aqui um pouco de sua história e as duas
chaves de sua pedagogia para o discernimento a partir dos Exercícios
Espirituais: a conversação espiritual e os modos de eleição.
Um grupo, como um só corpo, isto é, como uma pessoa corporativa, pode entender-se como um sujeito de oração e discernimento, como qualquer exercitante que se mobiliza, buscando com
indiferença as luzes que iluminam o caminho pelo qual Deus quer
conduzi-lo. Podemos ampliar este primeiro pressuposto, recordando
que o grupo também é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus
Nosso Senhor [EE 23]. Como pessoa corporativa, também passa
por experiências de graça e de pecado. Em sua vida como grupo,
tem momentos de consolação e desolação, recebe chamados e faz
eleições. Em conjunto, pode reconhecer períodos de vida, de morte
e de ressurreição. Em seu processo de discernimento, o grupo é uma
pessoa corporativa, corpo de Cristo (1Cor 12,27).
Afirmar que a presença do Espírito Santo deu-se a todos por
igual pode parecer uma coisa óbvia, mas com muita frequência
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
59
�sentimos que se deu mais a uns do que a outros. Inclusive em primeira
pessoa: que se deu a mim mais que a outros. Porém, na proposta de
ESDAC não há gurus, nem visionários; todo o acompanhamento
se faz em equipe. A figura do diretor que dá os Exercícios é, neste
caso, uma equipe, que parte do princípio de que o Espírito Santo
está ativo em cada um dos membros do grupo. Portanto, é crucial
escutar a todos e dar espaço a cada um para que possa contribuir com
o conjunto. É por meio da escuta ativa da ação do Espírito em cada
membro do grupo que se pode entender como ele habita e conduz
ao grupo como um todo. Trata-se de encontrar juntos a Sabedoria
de Deus que é um Espírito “inteligente, santo, único, multiforme,
sutil, ágil, perspicaz, sem mancha, lúcido, invulnerável, amigo do
bem, agudo…” (Sab 7,22).
Um itinerário grupal
As raízes de ESDAC encontram-se na instituição de um grupo de jesuítas canadenses e norte-americanos, que junto com uma
equipe de colaboradores compreenderam que tanto a pedagogia, a
arquitetura e a dinâmica dos Exercícios Espirituais poderiam ser
aplicados aos grupos. A equipe denominou-se Ignatian Spiritual
Exercises for the Corporate Person (ISECP). Seu trabalho começou nos
anos 70, na sequência da Congregação Geral 32 da Companhia de
Jesus, na qual tinha crescido a compreensão e a consciência daquelas
que denominamos estruturas de graça e de pecado. Por exemplo, o
alcance do termo “pecado” como pecado estrutural ampliava o sentido
pessoal para estender-se às formas de organização e de estruturas que
surgiam dos grupos humanos e das sociedades. Da mesma maneira,
os grupos poderiam experimentar que a graça antecede ao pecado e
pode vencê-lo. Diante de tais intuições, o grupo ISECP começou a
reunir-se regularmente em Wernersville (Pennsylvania) para desenvolver os meios de estendê-las a um grupo de Exercícios Espirituais.
Durante dez anos, estas reuniões geraram materiais seguindo os
Exercícios Espirituais para ajudar a grupos que manifestavam desejos
de discernir e tomar decisões em comum. Neste nível, o trabalho do
grupo inicial na América do Norte foi muito interessante. Muitos
outros escreveram sobre o discernimento em comum. Sobre sua
necessidade, relevância, dificuldades e objetivos. Mas, de fato, poucos autores desenvolveram uma pedagogia concreta e prática. Este
60
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
�2. ISECP GROUP (James Borbely SJ, Marita Carew, John English
SJ, John Haley, Judith Roemer,
George Schemel SJ), Focusing
Group Energies. Common Ground
for Leadership, Organization, Spirituality, University of Scranton,
Scranton, Pennsylvania 1987.
3. M. BACQ, J. CHARLIER, ET
LE EQUIPE ESDAC. Pratique de
discernement en commun. Manuel
des accompagnateurs. Fidélité,
Bruselas 1994.
grupo, pelo contrário, esforçou-se por desenvolver procedimentos
que tratam de concretizar ao máximo possível as condições para o
discernimento. Por exemplo, inclusive detalhando como e por que
sentar-se em círculo, significando assim a equidistância do Centro
do grupo, que é Cristo. E também introduzindo elementos culturais
dos primeiros moradores do Canadá, que, sentados em círculo, em
suas assembleias, passavam entre si uma pena de águia para expressar
quem teria o uso da palavra e a quem os demais deveriam escutar.
Esta pena permaneceu na tradição de ESDAC e hoje é o símbolo
e a logo da equipe.
Em 1987, o ISECP publicou o livro Focusing Group Energies 2 e,
pouco depois, os jesuítas do sul da Bélgica trouxeram esta pedagogia para a Europa. Depois de um período de testes e de adaptação,
a equipe do ESDAC começa a propor seu método para ajudar as
Comunidades de Vida Cristã (CVX) a discernir sobre o seu futuro.
Esta experiência da Bélgica produziu em 1994 o primeiro livro de
ESDAC3.
O enfoque de ambas as publicações é essencialmente prático e
segue o esquema das quatro semanas dos Exercícios Espirituais de
Santo Inácio. Assim, o convite aos participantes nesta modalidade
de discernimento em comum consiste em percorrer as mesmas meditações e contemplações dos Exercícios, adaptadas ao tempo que
precisem dedicar à sua matéria de eleição. O modo e a ordem dos
Exercícios para o grupo estarão sempre em função da importância
que os membros do grupo desejem dar à matéria da eleição e à disponibilidade de seus integrantes. Nos retiros de ESDAC, alternam-se
os encontros plenários e os pequenos grupos, dependendo do número
de participantes, e são fundamentais os tempos de oração pessoal.
Os pressupostos básicos citados acima tomam corpo na conversação
espiritual, que é a ferramenta básica do discernimento em comum.
A conversação espiritual
A conversação espiritual é aquele diálogo do grupo, no qual
se trata de prestar atenção aos movimentos dos espíritos em cada
participante e no grupo. O sentido de “espiritual” não é que só se
fala de assuntos espirituais (oração, liturgia, sacramentos, bíblia etc.).
Conversar espiritualmente é uma forma de falar juntos, tentando estar
atentos às moções boas e más que se dão em cada pessoa e no grupo.
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
61
�Cada tempo de conversação espiritual é precedido por um longo
tempo de oração pessoal. Para esta oração, distribui-se uma folha
que contém pontos, especificando a matéria para rezar e sua relação
com a matéria própria do discernimento: pedir luz, indiferença,
reconhecer o pecado, a graça etc. A prática da conversação espiritual tem uma metodologia concreta, que se pode sintetizar em três
rodadas ou momentos do grupo. Inicialmente, o grupo escolherá um
moderador e um “guardião” do tempo. Em uma primeira rodada,
cada pessoa pode compartilhar os frutos de sua oração. Aqui é onde
se usava e se usa a pena de águia, para expressar que todos escutarão
atentamente a quem está com a pena. Nesta primeira rodada, não há
interação entre os participantes, exceto no caso de se necessitar de
alguma explicação ou esclarecimento do que foi dito. Em seguida,
se fará alguns minutos de reflexão em silêncio, em que cada participante pode perguntar-se como lhe impactou o que foi partilhado
pelos outros: que ressonâncias afetivas eu encontro, que ideias me
parecem novas, que consequências posso tirar etc.
A segunda rodada é mais parecida com uma conversação espontânea, compartilhando o que se refletiu e recebeu dos outros.
Finalmente, a terceira rodada é uma conversação com o Senhor,
à maneira de um colóquio de grupo. Os participantes, unidos em
oração, dão graças pelos chamados — o que os moveu —, e, assim,
pedem forças ou dão graças, segundo se sintam movidos. O exercício
termina com uma pequena avaliação, à maneira de exame da oração,
em que o grupo repassa os passos dados e como podem melhorar
nos tempos seguintes de conversação espiritual [EE 77].
A atmosfera que cria a conversação espiritual tem seu equivalente no diálogo e no Pressuposto [EE 22] que se dá entre aquele que
dá os Exercícios e aquele que os recebe. Quer dizer: um ambiente
de mútua confiança, para salvar a proposição do próximo antes que
para condená-la. No discernimento comunitário, cada um é quem
discerne e cada um é quem ajuda os demais a encontrarem como o
Espírito está movendo o grupo. É um modo de acompanhamento
mútuo, no qual se exercita uma disposição de abertura ao outro e
uma escuta ativa, sem juízos.
Os frutos da conversação espiritual são os exercícios e aprendizagem da escuta atenta. Um modo de escutar agradecido, sem prejuízos
nem juízos posteriores, mas que presta atenção especial aos movimentos internos daquilo que o outro deseja compartilhar. Também
obriga a aprender a falar de maneira clara e concisa, sem medo de
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Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
�expressar os sentimentos mais profundos. Para isso, é imprescindível
chegar à liberdade interior, pelo uso da palavra e pela ação da escuta.
Uma liberdade que é necessária para a indiferença própria de todo
discernimento. E isso se faz compartilhando aquilo que amplia ou
restringe a liberdade de cada um. A conversação espiritual nos faz
conscientes de que nem todos pensam e sentem como eu. Mas assim,
cada pessoa pode constatar como o Espírito lhe convida, através das
palavras do outro, a mover-se, a mudar, a considerar o ponto de vista
do outro e, que pode até deixar de lado suas próprias perspectivas.
A conversação espiritual é um convite à conversão. Revela os
próprios limites, os atalhos que cada um toma, os bloqueios diante
do que o outro compartilha e as dificuldades de cada participante
para abrir-se livremente ao Espírito. A experiência é que na solidão
da oração, as perguntas e também as respostas podem-se construir
individualmente, mas, em um grupo de irmãos iguais, é mais difícil
que alguém se engane a si mesmo. Portanto, o fruto principal ao
qual a conversação espiritual conduz é o agradecimento profundo a
Deus através dos membros do grupo. Revela-nos que temos muito
mais em comum do que inicialmente parecia, que a reconciliação é
possível e que o conjunto do grupo é mais do que a simples soma
dos membros.
A conversação espiritual pode vir a ser desordenada e difícil se
cada um dos participantes não estiver profundamente comprometido em um processo que seja também de discernimento espiritual.
Portanto, quando um grupo se lança na conversação espiritual, cada
membro deve zelar por seu processo de reflexão e oração para colocar-se em sintonia com o Espírito. Isto implica que, previamente,
deve-se entregar aos participantes toda a informação útil e necessária
para o assunto que se quer discernir. Do mesmo modo que quando
se trata de um assunto delicado em uma reunião, é muito conveniente deter-se, refletindo em silêncio por alguns minutos antes de
se lançar a falar; a conversação espiritual pede previamente a oração
pessoal. Quando nos lançamos precipitadamente a discutir um
assunto importante para um grupo, sem pararmos para ponderá-lo
individualmente, o resultado costuma ser que, ao invés de ganhar
tempo, se perde tanto o tempo como a profundidade. Quanto mais
complicado e importante seja um assunto para o grupo, mais tempo
de silêncio e de oração faz-se necessário.
Para tratar em profundidade de um assunto, ESDAC tem especial cuidado com o material que é distribuído para a oração, que tem
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
63
�como fundamento o esquema da oração nos Exercícios Espirituais.
Cada folha para oração contém, de maneira muito sóbria, textos
bíblicos ou textos inspiradores recolhidos de distintas tradições ou
culturas. De início vem a composição de lugar, a graça que queremos
alcançar, os pontos para a oração sobre o tema a ser tratado e um
convite ao colóquio final. Os materiais e atividades deste convite
seguem as quatro Semanas dos Exercícios Espirituais, acrescentando
ou adaptando a cada Semana algumas propostas metodológicas que
podem ajudar o grupo a alcançar o seu objetivo.
As Semanas dos Exercícios
Na Primeira Semana, é importante que cada um se sinta parte
da graça recebida no grupo: sua identidade, sua vocação e sua participação na missão de Cristo. Cada pessoa e o grupo são convidados
a “refletir” sobre seu Princípio e Fundamento” e, assim, vai se dando
um processo a partir da oração pessoal à oração de pessoa corporativa.
Aqui serão muito importantes as dinâmicas sobre a linha temporal
do grupo e o ciclo de vida-morte-ressurreição para identificar o
momento em que o grupo se encontra no presente e como, em sua
própria história, há etapas de graça, pecado e conversão. Além disso,
também é possível que nesta Primeira Semana se possa tratar juntos
de questões como o poder, a liderança e a organização do próprio
grupo. É interessante destacar que quando um grupo entra em uma
dinâmica de discernimento, o faz levando consigo toda a bagagem
das relações interpessoais, dos movimentos interiores, das histórias
passadas e as consequências das decisões anteriores. As obscuridades
e as feridas, assim como os momentos de graça e de confirmação
estarão presentes na hora de discernir em comum e as dinâmicas
estão focadas para dar nomes à história de cada grupo.
A linha temporal da vida de um grupo mostra ser um exercício
muito revelador, que pode ajudar a ter uma visão de conjunto e ser
um elemento catalizador da reconciliação dentro do grupo. Não se
trata de unir dados objetivos externos, mas de que o próprio grupo
vá fazendo sua própria linha temporal à memória de seus eventos
significativos ou da instituição que o reúne. A seleção de eventos
implica um processo de oração pessoal e de conversação espiritual,
pedindo a graça de apreciar a ação de Deus e a de sua graça para
que o grupo o possa seguir melhor. É uma forma de avaliação, mas,
64
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
�ao mesmo tempo, pode servir para ver as necessidades do grupo ou
suas prioridades, dentro de um período concreto.
Outro exercício que acompanha todo o processo de discernimento é o ciclo de vida-morte-ressurreição. Em sua base está o desejo de
alcançar o conhecimento interno das dinâmicas de vida, de morte e
de ressurreição que se dão no funcionamento de um grupo. Em uma
explicação demasiado sucinta para o que esta dinâmica proporciona,
trata-se de reconhecer as etapas pelas quais passa um grupo, desde
os seus desejos fundacionais, seus mitos e aspirações primeiras, até a
situação atual de discernimento, para vislumbrar a etapa futura. Mais
do que um círculo fechado, a figura gráfica deste exercício deveria
mostrar um movimento ondulatório: nele há uma ascendência, por
meio da colocação em comum dos desejos iniciais, passando por
diversas etapas da urdidura de seus objetivos, institucionalização,
programação e gestão, entre outras; e há movimentos descendentes,
que vêm pela avaliação e a dúvida aplicadas aos procedimentos, às
ideologias ou à ética do grupo. Trata-se, assim, de tomar consciência
do momento em que o grupo se encontra, não somente a partir de
sua história (linha temporal) mas também a partir de sua vitalidade
em um ciclo de vida, morte e ressurreição.
A Segunda Semana tem como centro o chamado do Rei Eterno.
Aqui, ganha força a vida apostólica do grupo, o chamado original e
os desejos de seguir o Senhor. Nela volta-se aos exercícios descritos
anteriormente para ver o que está vivo no grupo, o que está morto e
o que necessita ressuscitar. Neste momento o grupo se exercita como
grupo nas meditações próprias da Segunda Semana: Encarnação,
Duas Bandeiras, Três Binários (ou Três Tipos de Grupos) e as
Contemplações da Vida de Cristo. E assim também aprende a
formular e compartilhar as consolações e desolações que acontecem
em grupo. O mesmo acontecerá na Terceira e na Quarta Semanas,
mas aí centrando-se respectivamente nas vivências de morte e ressurreição dentro do grupo.
Os tempos de Eleição.
Quanto ao momento de eleição no discernimento comunitário,
à maneira do individual, distinguem-se três tempos possíveis para se
fazer uma boa e sã eleição [EE 169]. O Primeiro Tempo de eleição
supõe para o grupo a mesma clareza e consenso que Inácio propõe
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
65
�nos Exercícios [EE 175]. Assim, Deus pode mover a vontade de
um grupo, de tal forma que não haja dúvida nem possam duvidar
de qual é a Sua vontade. O Segundo Tempo é aquele que depende
da experiência de discernimento dos dias anteriores: de como se
experimentou os movimentos dos diversos espíritos, iluminando ou
obscurecendo a experiência do grupo. Para descobri-lo, é necessário
recapitular a conversação espiritual do grupo. Quando cada um fala
sinceramente sobre o assunto que se quer discernir, o grupo vai descobrindo as moções e o resultado delas na reflexão do próprio grupo.
Como uma pessoa corporativa, o grupo, por si mesmo, pode sentir
que se move em uma ou outra direção. Pode haver momentos de lutas
que podem ser árduos para os integrantes, mas, gradualmente, vão
se encontrando e identificando as consolações e desolações, assim
como a direção a que apontam.
No Terceiro Tempo de eleição, o grupo em seu conjunto está em
situação de tranquilidade, ainda que nem todos os seus membros.
Esta quietude ajuda a confrontar as distintas alternativas sobre a
matéria que se quer discernir. Então, o melhor é usar a mesma metodologia de Santo Inácio, refletindo sobre as vantagens e benefícios
possíveis e também sobre as desvantagens e riscos que se possa correr
ao tomar uma decisão. No entanto, quando se trata de um grupo,
os passos podem ser um pouco mais complexos do que quando se
discerne individualmente. O grupo ISECP sintetizou sua proposta
em sete passos para o discernimento comunitário4.
1. Uma atmosfera de grupo e uma atitude pessoal para explicitar a fé. O grupo necessita ter plena consciência de sua fé,
como condição básica para abrir o tempo de discernimento.
2. Disponibilidade para, na oração, pedir luz e reta intenção,
antes, durante e depois. Os participantes necessitam do
contato com o Senhor de forma individual e grupal no
processo de discernimento. Esta atitude pede um cuidado
e atenção maiores do que em outros momentos de oração
meditativa ou contemplativa.
3. Liberdade interior, que vem da liberdade espiritual. Todos
devem compreender e querer desprender-se de seus afetos
desordenados e de suas ataduras.
4. Informação compartilhada e assimilada. O discernimento
não inclui a necessidade de ter toda a informação concreta
sobre as implicações do que se quer decidir. Nem toda
matéria é apropriada para o discernimento em comum. Há
66
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
4. SCHEMEL, G. J.; ROEMER, J. A.
“Communal Discernment”, Review
for Religious (nov/dic 1981) vol. 40
n. 6. Revisado em julho de 1992.
�temas que são tão corriqueiros, que podem ser geridos no
âmbito puramente administrativo e não devem entrar em
discernimento. Mas aquilo que toca a identidade, a vocação e a missão do grupo, pode sim ser discernido à luz do
Evangelho.
5. Formular a matéria do discernimento da maneira mais
simples possível, de modo que se possa distinguir e separar
as razões a favor e contra. Os que discernem deverão dedicar tempos distintos e declarar separadamente os prós e os
contras da matéria da eleição.
6. Tentar alcançar o consenso. O grupo será convidado a
declarar o grau de consenso que alcançou e os pontos em
comum sobre os quais há desentendimento.
7. Confirmação, como consequência, a partir do interior e do
exterior: o interior significa ter encontrado paz e alegria
no Espírito; o exterior significa ver como o tempo afetará
a decisão [EE 187] e verificar a congruência da decisão em
relação às autoridades legítimas das quais o grupo depende.
No caso de que o grupo esteja articulado sob o voto de obediência da vida religiosa, pode ser de grande ajuda declarar inicialmente
se a decisão é vinculante ou se é uma consulta não vinculante, que,
ao final, depende da autoridade de um Superior para levar a termo
a decisão. Obviamente, o discernimento costuma implicar na eleição
entre duas coisas boas, o que supõe áreas que não se distinguem com
facilidade, onde falta a clareza e a certeza sobre qual será a melhor
opção. Nestes momentos, a figura do Superior pode ser de grande
ajuda para terminar os processos de discernimento. Por outro lado,
normalmente, ninguém quer ser o responsável último por fechar uma
instituição, retirar uma subvenção, abrir um campo de apostolado
conflitivo etc…. Assim, o apoio na oração que o discernimento comunitário supõe, se faz cada vez mais necessário para sentirmos que,
inclusive em nossas inseguranças, estamos seguros nas mãos de Deus.
ESDAC, uma forma, entre outras, de discernir
Na história de cada grupo, haverá momentos em que se experimenta frustração. Todo grupo humano é suscetível de ficar imobilizado por prejuízos, projeções, lutas de poder, inclinações pessoais,
manipulação e silêncios, que contaminam a interação do grupo. O
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
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�próprio grupo pode parecer o maior obstáculo para que os esforços e
qualidades pessoais possam dar frutos, mas, em tempos de estruturas
pessoais líquidas e de crescente individualismo, parece que a comunidade é o melhor espaço para a escuta de Deus. Ninguém tem os
ouvidos suficientemente grandes para abarcar toda a riqueza daquilo
que Deus tem para nos dizer. Assim, a redescoberta do discernimento
comunitário aparece como uma alternativa à fragmentação pessoal e
à estreiteza do olhar individual, para abrir-nos a novas possibilidades
de coesão, amplitude, profundidade das opções ao nosso alcance na
construção do Reino de Deus.
As ferramentas e recursos do discernimento comunitário propostos por ISECP e ESDAC bebem, principalmente, da fonte dos
Exercícios Espirituais. Além disso, ao longo de anos de experiências,
também beberam de outras fontes, próprias do mundo das organizações corporativas, de distintas escolas de psicologia e das correntes
da Comunicação Não Violenta. Por exemplo, o grupo originário da
América do Norte encontrou inspiração nos trabalhos do pedagogo
brasileiro Paulo Freire e em suas intuições sobre a libertação por meio
do diálogo. A formação dada por ESDAC, baseada sobretudo na
aprendizagem prática, apoia-se também em alguns estudos sobre a
inteligência coletiva e a sociocracia5.
ESDAC já vem aplicando a sua metodologia há mais de 25 anos,
a centenas de grupos diferentes. A gama de possibilidades pode ir
desde um dia de retiro para uma equipe paroquial até a um processo
de três anos de discernimento para todas as comunidades de A Arca
ao redor do mundo. A formação e suas equipes de trabalho estão
se espalhando por vários países, evoluindo continuamente em seus
métodos, mas com os mesmos fundamentos. Cada situação de cada
grupo é única e pede um acompanhamento em equipe, que pode oferecer distintos meios, mas mantendo-se como um pêndulo centrado e
deixando todo o poder nas mãos do grupo. ESDAC é simplesmente
uma forma a mais de ajudar no discernimento comunitário, entre
outras maneiras e escolas que a rica tradição inaciana oferece.
68
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
5. Para saber mais sobre ESDAC
ver <www.esdac.net>.
�Subsídio
Conversação Espiritual1
1. Este é um dos Subsídios dados pela equipe de ESDAC para
a experiência de discernimento na
Assembleia Mundial da CVX. Cf.
artigo nas páginas 71-78.
2. Para compreender o sentido da
pena cf. p. 61 desta edição.
P
ara favorecer a escuta e a expressão em uma partilha.
A atitude principal é uma escuta respeitosa e agradecida.
Aquele que tem a pena em suas mãos não é interrompido2.
Cada pessoa é uma “expert de sua própria experiência”.
Cada um fala por turno. Enquanto tem a pena em suas mãos,
tem a palavra. Não o interrompemos. Compartilhe o que você pode.
Não se entregue mais do que você deseja.
Tempos de silêncio são adequados e necessários.
Respeite o que é confidencial. Fora do grupo, não conte a ninguém o que se disse, a não ser com o consentimento da pessoa que falou.
Descreva sua experiência de maneira breve e clara. O pequeno
grupo de partilha não é o lugar de fazer uma homilia, converter a
outros a seu ponto de vista, impor a outros suas ideias favoritas.
Nem é o lugar para resolver os problemas dos demais ou levarlhes socorro.
Fale em forma de “eu” e não de “as pessoas”. Fale em seu próprio
nome.
O guardião do tempo zela para que, no tempo concedido, cada
um tenha o tempo de expressar-se e para que o grupo faça, se possível,
pelo menos as duas primeiras rodadas de partilha.
As três rodadas para partilhar
Primeira rodada. Cada um partilha por turno os frutos de
sua oração que acaba de viver, eventualmente com a ajuda de notas
tomadas na releitura. Durante esta primeira rodada, não reagimos
ao que é compartilhado, a não ser para pedir algum esclarecimento.
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
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�Segunda rodada. Faça alguns momentos de reflexão silenciosa
sobre a experiência comum que constitui a “primeira rodada” de
partilha: O que me tocou? O que descobri de novo? Tenho alguma
pergunta? Em seguida, partilhem, deixando espaço livre para as
interações entre vocês. Ao terminar esta rodada, tratem de nomear
o consenso que há atualmente entre vocês.
Terceira rodada. Quem deseja toma a palavra para dialogar com
o Senhor, em relação ao que foi vivido e compartilhado.
70
Itaici – revista de espiritualidade inaciana, n. 113 (setembro/2018)
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
<span style="color:#aeb6bf;">[E]</span> <strong>Dimensão espiritual</strong> | <strong>Dimensión espiritual</strong>
Description
An account of the resource
<ul><li>Itens referentes a espiritualidade em geral</li>
<li>Materiais de estudo sobre a espiritualidade inaciana, incluindo os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.</li>
</ul>
Subject
The topic of the resource
Dimensão espiritual | Dimensión espiritual
Espiritualidade inaciana | Espiritualidad Ignaciana
Language
A language of the resource
pt
es
Rights
Information about rights held in and over the resource
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Texto
Um recurso composto principalmente de palavras para leitura. Exemplos incluem livros, cartas, dissertações, poemas, jornais, artigos, arquivos de listas de discussão. Note-se que facsímiles ou imagens de textos ainda são do gênero Texto.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Exercícios Espirituais adaptados ao discernimento em comum
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Janin, Franck, SJ; Pablo, José de, SJ
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
setembro 2018
Description
An account of the resource
A proposta metodológica desenvolvida pelo ESDAC (Exercices Spirituels pour un Discernement Apostolique en Commun) coincide nestes pressupostos para grupos que, especificamente, têm em comum um projeto, um propósito, um objetivo para os que buscam encontrar a vontade de Deus. Depois de um processo de
amadurecimento de quase cinquenta anos de experiência, a proposta de ESDAC se entende a si mesma como uma mais entre
outras possíveis. Veremos aqui um pouco de sua história e as duas
chaves de sua pedagogia para o discernimento a partir dos
Exercícios Espirituais: a conversação espiritual e os modos de eleição.
Este método foi aplicado durante a Assembleia Mundial CVX Buenos Aires, 2018.
Language
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pt-BR
Publisher
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Itaici - Revista de Espiritualidade Inaciana
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Type
The nature or genre of the resource
Artigo
Source
A related resource from which the described resource is derived
Este artigo foi publicado originalmente em Manresa 90 (2018) 63-72. Publicado na Revista Itaici(113), Setembro de 2018 com autorização de José de Pablo.
Assembleia Mundial CVX (2018 : Buenos Aires, Argentina)
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