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TO BE OR NOT TO BE CVX
Josep Baquer Sistachi SJ
Assistente nacional da CVX-Espanha
Certa perplexidade
Observo, com frequência, que algo se passa em muitas comunidades CVX radicadas em centros de pastoral
universitária ou juvenil. Acontece que, quando as pessoas se casam e começam a ter filhos, parece que se
"desariscam" da CVX. Ou essa é a percepção que temos dessas pessoas. Mais ainda se a/o consorte não
pertencem à comunidade ou nem sequer é crente. Postas assim as coisas, poderia dar a impressão de que a CVX
é para grupos de gente jovem ou para estudantes, para pessoas que, apesar de estarem muito ocupadas muito
ocupadas durante o curso, podiam tirar algumas horas nocturnas para se reunirem semanal ou quinzenalmente,
excepto na época de exames. Esta é, com frequência, a imagem que a CVX dá: umas comunidades com pessoas
relativamente jovens que fazem reuniões nocturnas de revisão de vida durante o ano académico; pessoas que
costumam estar comprometidas em questões sociais (preferentemente em obras assistenciais) e que mais ou
menos são conhecidas, no âmbito eclesial, como pertencendo a grupos relacionados com os jesuítas.
Se assim fosse, na prática, e creio sinceramente que algo disto se passa mesmo em muitos casos, haveria que
procurar qual a causa (razão), porque, é claro que a CVX não é "isto". Creio que o problema de fundo radica em
ter-se considerado que o prioritário na CVX é o grupo/comunidade e as suas reuniões: o facto de se ter
considerado que o sujeito-cvx era o grupo e que, portanto, o prioritário era o processo grupal.
Se, além disso, acrescentarmos outros ingredientes tais como: uns grupos do centro consideram-se CVX e
outros não, ou que uns elementos do grupo querem ser CVX e outros não, tec., etc., então organizamos um
imbróglio considerável! Impõe-se, com evidência, necessidade de clarificação e de estabelecer processos que a
facilitem, ainda que sejam incómodos,
Não podemos falar de CVX sem antes falar de vocação pessoal, porque "Quem faz parte integrante da CVX?
Aqueles que sentiram e aceitaram a vocação pessoal na Comunidade de Vida Cristã, e foram aceites por ela.
Para entendermos e por analogia com o que acontece na Companhia de Jesus: Quem pertence à Companhia de
Jesus? Aqueles que sentiram e aceitaram essa vocação particular na Igreja e foram aceites por essa instituição
eclesial chamada SJ. Assim, falamos e nos referimos a tal ou qual comunidade de jesuítas (pessoas com uma
determinada vocação pessoal) ou a um determinado jesuíta que pertence actualmente a uma determinada
comunidade, por isso, o pertencer a tal comunidade local, vem em segundo plano e é, necessariamente acessório
e mutável com o tempo, porque é assim a espiritualidade inaciana: a comunidade é um aspecto relativo à missão
e organiza-se e concretiza-se dentro de um determinado estilo, em função das exigências da missão. Ninguém
entra numa comunidade particular da Companhia: o jesuíta entra e pertence à Companhia universal e
desenvolverá a sua missão pertencendo, ao longo da sua vida, a várias comunidades locais. E já agora, deixemme dizer, de passagem, que ninguém entra na Companhia para fazer reuniões de comunidade (fá-la-á, sem
dúvida); entra para viver a missão de Cristo, etc. Termino a analogia.
A nossa experiência CVX vai, com frequência, por outros caminhos. Alguém, normalmente um jovem, ou um
grupo inteiro, por vezes, de amigos, entra num centro de pastoral universitária ou juvenil, dirigido teórica ou
�praticamente, por jesuítas, em que existe uma comunidade CVX. O que primeiramente se costuma
propor/oferecer é a integração num grupo de revisão de vida, a Eucaristia semanal e, com sorte, algum
compromisso ocasional. E assim começam as reuniões para falar de temas, de formação, etc. Talvez esteja
rotulado nalguma porta o logotipo de uma determinada comunidade e dentro, nos pacards publicitários, várias
publicações e folhetos relativos à CVX. Com frequência, a primeira imagem que chama a atenção é isso: A
CVX como um complexo pastoral relacionado com a SJ, em que costuma mover-se muita gente jovem (às
vezes, não tão jovem, por desgraça!). Talvez mais adiante, quando já se esteja mais situado na casa, lhe falem
de uma experiência quase inexequível chamada Exercícios Espirituais, ou participará em retiros breves de dois
ou três dias, talvez até de cinco, a que se atribuirá o nome de Exercícios e, pouco a pouco, e segundo o seu nível
de generosidade, à base de muitas reuniões e outras actividades, se converterá em protagonista da comunidade:
sentir-se-á em casa e seu objectivo implícito será ficar ali definitivamente: aquela é a sua Igreja. Na realidade, a
oferta que se terá feito desde o princípio será esta: ficar ali para viver a sua vida cristã e de compromisso de
acordo com um determinado suporte inaciano. Mas chegará um dia em que acabará o curso e a Universidade,
um dia em que, já com marido ou esposa, começará outra etapa, com menos tempo para fazer reuniões, com as
preocupações da vida e dos filhos e olhará com nostalgia quando estava comprometido com a casa, quando se
notava que pertencia à comunidade, quando as múltiplas reuniões e actividades sociais ocupavam uma franja
importante da sua vida. Como a oferta que se lhe havia apresentado, desde o princípio, era de ficar naquela
casa/comunidade e a pertença a um deter-minado grupo com reunião semanal ou quinzenal, agora que quase
não dispõe de tempo para ir ao centro, começa a sentir-se estranho e estrangeiro.
E chegam os filhos: são considerados quase membros da comunidade ("a comunidade cresceu", comentar-se-á
de cada vez que um casal tem um filho...) Então procura-se na CVX o conjunto de recursos catequéticos e
sacramentais próprios da paróquia e da Igreja local, de modo a que a tal pedido se responda com a configuração
paroquial e pseudo-paroquial daquela CVX, sem problema de maior se o assistente é sacerdote, coisa habitual
no conjunto de centros pastorais pertencentes à área de influência jesuítica naquela latitude .
Efectivamente, na proposta inicial o grupo apareceu como elemento prioritário, e aquele centro pastoral, a
concretização da Igreja local com a ideia mais ou menos tematizada de ser o horizonte definitivo. Se a oferta
tivesse sido outra, talvez a sua situação actual a respeito da comunidade seria diferente, ou, pelo menos, seria
apercebida como diferente. Quer dizer: se a oferta tivesse sido, desde o princípio CVX, a situação não teria
"derivado" para o que vem sendo habitual no conjunto de muitas CVX de Espanha: uma paroquialização da
CVX e um considerar que a CVX é sobretudo coisas de jovens.
O chamamento à Comunidade de Vida Cristã em três tempos
A. Vocação pessoal:
Mas então por onde começar? O que é a CVX? Sem dúvida que a CVX é uma comunidade, mas para se
entender de que comunidade se trata, há que começar por dizer que é formada por pessoas chamadas
(vocacionadas) a viver nela e segundo um carisma específico na Igreja. O prioritário, portanto, está no facto de
tratar-se de uma vocação pessoal e desde aí, se cede à compreensão do próprio ser CVX e não ao contrário.
Quisera resumir algo do que vem exposto no documento O Nosso Carisma CVX a este respeito e na sua
primeira parte em que se pergunta que estilo de pessoa esperamos que seja um membro da CVX: Esperamos
que o membro da CVX seja uma pessoa que colabora na missão de Cristo segundo a sua própria vocação na
Igreja (13).
�A nossa comunidade é formada por cristãos, homens e mulheres, adultos e jovens ... que reconheceram na
Comunidade de Vida Cristã a sua vocação particular na Igreja (PG 4).
O fundamento da formação e da renovação da CVX é o valor de cada pessoa e a convicção de que cada
indivíduo tem uma vocação divina que abarca todas as dimensões da sua existência (15).
Cada um encontra, na sua vocação pessoal, uma maneira concreta de viver a vocação universal da família
humana que é chamada à comunhão com o Pai por intermédio do Filho no Espírito de amor (17).
B. Vocação inaciana:
Ser membro da CVX supõe uma vocação específica que pretende dar resposta a um carisma concreto na Igreja,
marcado pela experiência de Inácio. Essa espiritualidade inaciana é que dá conteúdo ao modo de proceder de
muitas famílias religiosas na Igreja e também à CVX, como instituição laical.
Esse suporte específico não se entende sem a experiência fundante dos Exercícios (de mês!), com os seus traços
cristológicos (30) e eclesiológicos (35) peculiares e com a referência indispensável à figura de Maria: O papel
de Maria na Comunidade é o mesmo que Ela tem nos Exercícios e na experiência espiritual de Inácio. A mãe
de Jesus é uma presença constante ao lado do seu filho, como mediação, inspiração e modelo de resposta ao
Seu apelo e de colaboração na Sua missão (31). E, claro está, algo de essencial na espiritualidade: é um carisma
eminentemente apostólico (34): Os membros da CVX são cristãos que desejam seguir mais de perto a Jesus
Cristo e trabalhar com Ele na construção do Reino (PG 4).
C. Vocação comunitária
Tal como se apresenta no documento, este aspecto ocupa o terceiro lugar, e creio que correctamente, dado que
não se entende sem os dois tempos anteriores, vocação cristã pessoal segundo o carisma específico inaciano
(essencialmente apostólico). A partir daí adquire o seu sentido a comunidade como expressão da Igreja em
missão.
Os membros da CVX vivem a espiritualidade inaciana em comunidade. A ajuda de irmãos e irmãs que
partilham a mesma vocação é um factor que permite a cada um ser cada vez mais fiel à sua vocação e à sua
missão. Esta comunhão fraterna entre os membros da Comunidade é, em si mesma, um elemento constitutivo
do testemunho apostólico da CVX (38)
A oferta da CVX
Qual deveria ser a oferta de cada comunidade local CVX quer esteja vinculada ou não a algum centro pastoral
concreto ou a alguma casa da Companhia?
Entendo que a sua oferta deveria ser "clara e distinta", sem ambiguidades. A CVX, fiel ao seu carisma, pode e
deve oferecer pedagogia e instrumentos inacianos a cristãos com inquietação e que mais se queiram entregar ao
serviço da causa da Igreja que é a de Jesus: o Reino de Deus.
A CVX deveria apresentar-se como tal, sem cedências fáceis, e como uma opção possível na Igreja: portanto, na
sua área de influência pastoral, deveria manifestar-se como uma vocação de Igreja mas não único, para todos
�aqueles que dela se aproximam. A atitude da CVX deveria ser não-capitalista neste sentido. Às pessoas que se
aproximam não se deve propor como objectivo ser CVX, mas serem militantes da Igreja lá onde o Senhor os
quiser chamar (vida religiosa, sacerdotal, laical, etc.). Sobretudo os jovens que se aproximam deveriam ter em
mente, desde o primeiro momento, que não entram ali para ficar, mas que se trata de uma situação transitória
para descobrir qual deva ser o seu caminho na Igreja e no mundo.
Nesse sentido, deveria ficar claro desde o primeiro momento que o que se pretende naquela casa ou centro de
pastoral, não é que as pessoas aí fiquem indefinidamente, mas que aproveitem da sua pedagogia para que cada
um possa descobrir a sua vocação na Igreja.
Para tal, o maior empenhamento da CVX deveria ser a pedagogia inaciana personalizada, tendente a preparar o
sujeito para fazer e viver os Exercícios em chave vocacional, com o que isso implica de viver outras
experiências profundas, marcantes, em contacto com a pobreza, a marginalização e as situações de dor do nosso
mundo.
A CVX deveria oferecer Exercícios (evidentemente personalizados), tendendo, em função "da qualidade do
sujeito" a que sejam completos e orientados para a eleição, sobretudo no momento em que o jovem se prepara
para fazer opções básicas da sua vida: eleição de estado de vida, de carreira, de profissão, etc., evitando, assim,
que os Exercícios sejam exclusivamente de reforma de vida, quando as grandes decisões já foram tomadas.
A CVX e qualquer centro de pastoral da Companhia de Jesus, deveria ser, se me é permitida a expressão, um
autêntico centrifugador de cristãos para a Igreja e para o mundo, de tal maneira que nunca se desse a imagem de
que, no fundo, o que ali está a acontecer é uma paróquia em paralelo, definitiva para todos, e onde se procura
engrossar o número de fregueses. Neste sentido, a vida sacramental própria de qualquer comunidade ou
movimento apostólico da Igreja deve ser a expressão clara da celebração a partir de e para a missão, de tal modo
que nunca aparecesse como sucedânea da vida sacramental própria da Igreja local.
Para que todos possam pôr a possibilidade da opção pela CVX, convirá explicar também teoricamente e propôlo como tema de oração pessoal e de grupo, o próprio carisma CVX expresso nos Princípios Gerais da
Comunidade de Vida Cristã.
Finalmente, apresentar a possibilidade de expressar a vontade decidida de buscar a vontade de Deus na própria
vida usando os meios e instrumentos inacianos, com a formulação pessoal explícita do compromisso temporário
CVX, no seio da Comunidade, o que há de supor, por parte de quem o expressa, uma vontade decidida de
empreender um caminho de discernimento pessoal e, por parte da comunidade que o acompanha e recebe, a
expressão da vontade de ajudar e oferecer, de forma desinteressada, os instrumentos inacianos para que a pessoa
possa encontrar a vontade de Deus na sua vida.
Ser membro da CVX
Aqueles que já optaram pelo caminho CVX na Igreja como vocação pessoal, saberão perfeitamente que a CVX
não é um grupo de revisão de vida, nem de reuniões de comunidade, nem de Eucaristias aos sábados, nem de
compromissos sociais, nem de todas aquelas actividades que se costumavam fazer quando se era mais jovem e
se andava à busca de um caminho pessoal na Igreja. Saberão que se trata de uma vocação pessoal, inaciana,
apostólica, que se vive e expressa na realização da missão (não nas reuniões!). Saberão que para poderem viver
a fundo a missão, necessitam de ser enviados pela comunidade que, para isso, terá que discernir, também ela, o
objecto e conteúdo dessa mesma missão, e que terá que avaliá-la nos momentos certos. Saberão que a missão
�não lhes pertence, mas que a recebem como um dom e que é a expressão da própria missão de Cristo. Sabem,
por experiência, que tudo isto "exige" o encontro periódico com a comunidade, um encontro adequado às
exigências próprias da missão (não ao contrário!) e sabem também que a missão, como dom e graça, deve ser
objecto de celebração com o Senhor; por isso a CVX tem o centro na Eucaristia.
É exactamente por tudo isto que, de vez em quando, os membros de uma comunidade se reúnem à volta do
altar: ali está a Igreja local a que cada membro CVX pertence. É, sem dúvida, um momento muito importante, e
o ritmo das celebrações deve ser estabelecido segundo as conveniências de cada grupo ou comunidade. Sabem,
finalmente, que, atendendo a que a CVX não é a Igreja em escala reduzida, não se lhe pode pedir que atenda a
todas as necessidades catequéticas, sacramentais e de formação dos seus membros e, menos ainda, dos seus
filhos e filhas.
Voltando, agora, à pergunta levantada no início, não parece absurdo, do ponto de vista do carisma CVX, que
precisamente quando um cristão faz as suas principais opções de vida e de missão apostólica, quando está a
começar a construir a sua vida familiar (missão prioritária), precisamente quando começa a sua situação de
plenitude apostólica, se interrogue sobre o seu ser CVX com nostalgia do passado e que chegue a sentir-se nãocvx, porque já não tem tempo de aparecer pelos locais da comunidade nem de dispor de tanto tempo como antes
para reuniões?
Retomando a analogia da SJ. Acaso poderemos imaginar que Francisco Xavier, sozinho na ilha de Shan-Shuang
por causa das exigências da sua missão, esperando entrar na China, se sentisse menos membro da Companhia
de Jesus porque não podia participar nas reuniões que faziam os que estavam em Roma com Inácio?
A vocação "desenrola-se" na missão e a missão acarreta sempre uma dose de solidão, solidão que se
compartilha sempre com os outros que estão igualmente em missão. Para um membro CVX adulto, estar em
missão implica aceitar essa solidão e aceitá-la de tal modo que não pretenda evitá-la procurando inutilmente
refúgio num grupo de revisão de vida. Todo o grupo ou comunidade CVX é, antes de mais, para o cristão em
missão, uma célula eclesial de discernimento apostólico para a missão, com quem vai poder partilhar, sempre
insuficientemente, a sua vida, as suas inquietações apostólicas e as vicissitudes próprias de uma vida entregue à
causa do Reino. Para isso, a comunidade nunca deverá ser um refúgio de pecadores, mas uma barca que navega
com o Senhor. Esta é a imagem que nos deixaram os Evangelhos; esta é a realidade da Igreja quando não se
busca a si mesma, mas apenas a pescaria do Reino.
O que não é CVX:
A mesma realidade descrita na voz activa e passiva, na forma afirmativa e negativa, costuma ficar mais
clarificada. Por isso, acrescento mais alguns apontamentos que talvez ajudem a entender melhor a CVX, tendo
em conta que muitos de nós que estamos a ser testemunhas e protagonistas do seu nascimento e crescimento a
partir de uma longa tradição anterior das congregações marianas e centros de pastoral dos jesuítas.
CVX não equivale a centro pastoral (CP) de linha inaciana:
Se a CVX é uma comunidade formada por cristãos vocacionados pessoalmente para essa opção na Igreja,
pressupõe-se que nem toda a gente que se movimento num centro pastoral tem essa vocação e menos ainda o
centro em si. Outra coisa é que um CP de linha e inspiração inaciana seja um contexto adequado onde se possa
propor essa vocação e no qual possam surgir comunidades CVX. Pode também dar-se o caso de uma CVX
�assumir, como tarefa e missão, a responsabilidade de um CP, partilhando ou não essa missão com outra
instituição religiosa.
CVX não equivale a paróquia alternativa:
Uma paróquia vem a ser a concretização da Igreja particular de que falávamos anteriormente, estabelecida numa
determinada área geográfica: um bairro, um sector, etc. Portanto, de alguma maneira é "toda a Igreja" que se
torna presente localmente, junto de um pastor (pároco) representante (e, de algum modo, "presença") do bispo.
Nela se desenrola toda a vida sacramental e catequética própria da comunidade cristã e nela se acolhem e estão
representados todos os movimentos e comunidades que respondem a carismas concretos com sede no âmbito
paroquial e nela se acolhem evidentemente todos os cristãos de qualquer idade ou condição que vivem na zona
correspondente.
Uma CVX não é, nem pode ser, um espécie de paróquia alternativa para os membros que a compõem e para os
seus familiares mais próximos (uma comunidade religiosa com sede num determinado bairro da cidade). Um
membro da CVX não pode, nem deve, esperar da própria CVX toda a riqueza eclesial sacramental e catequética
que corresponde a toda a Igreja. Evidentemente que, como comunidade cristã, a CVX terá como centro a
Eucaristia (cf. PG 7) e as suas celebrações, mas isso não deve significar nada parecido com "erigir-se" em Igreja
Local. Em princípio, os membros da CVX não têm nem por que viver numa mesma área geográfica ou no
mesmo bairro. O normal será que estejam radicados nas paróquias correspondentes para todos os efeitos
(sacramentos, celebrações, catequese familiar, etc) e que a CVX seja o seu lugar de encontro para discernir a
missão e serem enviados, dado que a CVX é entidade oficial da Igreja (Associação Pública, reconhecida, da
Igreja e aprovada pelo Conselho Pontifício para os Leigos). Sem dúvida, que a CVX está vinculada a um bairro
ou sector da Igreja concreta, terá que ter em linha de conta a sua participação franca e desinteressada na Igreja
local. Os membros que pertencem a uma CVX, e própria comunidade como tal, fiéis ao carisma inaciano que
receberam, devem pô-lo ao serviço da Igreja e da Igreja local. O converter-se em paróquia paralela significaria
não dar acolhimento pleno ao carisma fundacional aceite pela Igreja para a CVX.
CVX não é uma comunidade ou grupo de leigos à volta de um presbítero-pastor:
A CVX, como entidade da Igreja, é responsável por si mesma, analogamente ao que sucede com as ordens e
congregações religiosas, a partir do seu carisma específico de vida consagrada. Portanto, não dependem do
"assistente". O assistente eclesiástico numa associação de leigos é o "funcionário" nomeado pela Igreja para o
serviço da comunidade, como vínculo e expressão da comunidade eclesial. Esse assistente pode ser qualquer
outro cristão: não tem que ser presbítero nem diácono, nem religioso/a . No caso das comunidades CVX de
Espanha, todas ou quase todas as comunidades têm, como assistente, um jesuíta e normalmente presbítero e isso
tende a desenhar um determinado perfil de consiliário-pastor-de-Igreja-local na pessoa do assistente, com o
perigo de configurar a CVX como uma pequena Igreja local autónoma (uma mini-Igreja, por vezes, não tão
pequena assim!). Há que ter muito claro na cabeça e no coração que a CVX não é isso e não tem que o ser se
quer ser fiel à sua vocação, como comunidade de Igreja receptora e transmissora do carisma inaciano e como
comunidade em missão, "perita" em discernimento apostólico.
Se o assistente é sacerdote, evidentemente que poderá e deverá exercer uma missão pastoral com os membros
da comunidade a que foi enviado em missão, mas respeitando sempre a idiossincrasia e carismas próprios da
CVX, sem querer levá-la para o seu "próprio campo", gerando dependências e desvinculando a comunidade ou
seus membros da Igreja local ou pretendendo instrumentalizar a CVX para o projecto pastoral ou apostólico da
�SJ ou do assistente particular. O Assistente eclesiástico, pelo facto de o ser, tem que velar, por fidelidade à sua
missão, para que a CVX seja CVX e, portanto, fiel ao seu carisma na Igreja.
A CVX não é um grupo/comunidade para partilhar a fé:
Assim se apresentam, muitas vezes, algumas comunidades e é essa a oferta que propõem aos cristãos que
entram em contacto com elas. Mas, e já não quero insistir mais no tema, é evidente que o carisma CVX não é
exactamente isso. Evidentemente que os membros de uma comunidade apostólica inaciana partilham a fé, não
faltava mais nada! mas não se reuniram em comunidade para isso: não é esse o objectivo do seu chamamento
nem da sua vocação pessoal. Foram chamados pelo Senhor e convocados pela Comunidade Mundial de
espiritualidade inaciana, para serem apóstolos na e, a partir da comunidade, para estarem com o Senhor e serem
enviados à Sua vinha. A função da comunidade será, basicamente, a de discernir a missão e, consequentemente,
para partilhar essa missão e a vida. Na Igreja há outras comunidades e grupos, com outros carismas que se
sentem chamados a partilhar a fé e a reunirem-se para rezar, etc. Mas esse não é o caminho inaciano próprio da
CVX.
Em jeito de conclusão:
O tempo da plenitude apostólica na CVX dá-se naqueles que tendo discernido a sua vocação e tendo optado
pela CVX, expressaram no compromisso permanente essa determinação de viverem como membros da
comunidade, oferta aceite pela CVX. O normal, se alguém vem seguindo este processo desde jovem, é que já
tenha uma certa maturidade humana, tenha assumido igualmente compromissos laborais, sociais e familiares. A
sua formação humana e cristã há de tê-lo situado na etapa da missão. Normalmente, a missão "família" é a mais
importante: casamento, filhos e, evidentemente, o social, o político, o profissional, etc. Uma CVX formada por
cristãos adultos deve estar em pleno rendimento apostólico e deverá administrar muito bem, com rigor e
seriedade, o tempo dedicado à vida em comunidade. As reuniões e encontros deverão organizar-se em função da
vida em missão. Inevitavelmente que o ritmo da comunidade dessas pessoas não poderá nem deverá ser como
em etapas anteriores, quando estavam em pleno processo de formação humana, universitária e cristã. A situação
é diferente e haverá que vivê-la com ilusão e imaginação sem esquecer nunca que viver em missão implica uma
grande dose de solidão. A comunidade acompanhará, sim, mas não deverá ser nunca um refúgio, mas uma
comunidade de discernimento para a missão.
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The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
<span style="color:#aeb6bf;">[B]</span> <strong>Carisma e identidade</strong> <span style="color:#aeb6bf;"> | </span> <strong>Carisma y identidad</strong>
Subject
The topic of the resource
Comunidade de Vida Cristã | Comunidad de Vida Cristiana
Description
An account of the resource
[pt] Carisma, vocação, identidade, estilo de vida, polinômio apostólico (DEAA - Discernir, Enviar, Apoiar, Avaliar).
[es] Carisma, vocación, identidad, estilo de vida, polinomio apostólico (DEAA - Discernir, enviar, apoyar, evaluar).
Language
A language of the resource
pt
es
Texto
Um recurso composto principalmente de palavras para leitura. Exemplos incluem livros, cartas, dissertações, poemas, jornais, artigos, arquivos de listas de discussão. Note-se que facsímiles ou imagens de textos ainda são do gênero Texto.
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The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
To be or not to be CVX
Description
An account of the resource
Chamamento à Comunidade de Vida Cristã em três tempos: Vocação pessoal; Vocação inaciana; Vocação comunitária.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Baquer Sistachi, Josep
Source
A related resource from which the described resource is derived
CVX Espanha
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CVX Espanha
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
201?
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The file format, physical medium, or dimensions of the resource
PDF
Language
A language of the resource
por-PT
Type
The nature or genre of the resource
Texto
Subject
The topic of the resource
Comunidade de Vida Cristã (CVX)
Comunidade de Vida Cristã - CVX /CLC
Estilo de vida CVX
Vocação
Vocação comunitária
Vocação inaciana
Vocação pessoal